000 Poemas de Júlio Prestes
BRUTUS
Depois dos meus, daqueles a quem devo
Desde o ser ao que sou, ora te digo,
O Brutus foi o meu melhor enlevo
E o meu maior amigo
Ao mundo veio quando a Humanidade
Se estercia na crise que lavrava
Com um incêndio enorme, apocalipse,
Devorando nações e dinastias.
- Ao mundo veio quando a terra toda
Era presa das chamas em que ardiam
Deus nos altares, no homem – o caráter:
Quando tudo mudava e quando, ao certo,
Amizade e traição se confundiam,
Da honra a noção nos homens se apagara
Do justo se apagara o são princípio.
- Ao mundo veio assim como um exemplo
E um castigo de Deus na sua inerrancia
Na onisciência perfeita em que se plasma.
Seis lustros percorri, marcha batida,
De vitória em vitória, na existência,
Sempre na torre do comando, sempre
Nas serranias que o Poder levanta.
Até que um dia me exalcei ao cume
Do mais alto poder que a pátria ostenta
E encontrei-me entre Reis, entre Monarcas,
Chefes Civis e Príncipes de Igreja...
Todos cujo o poder do mundo inteiro
Encerram em suas mãos... E os meus amigos,
Exército incontável, fauna imensa,
Em progressão geométrica crescendo...
Neste ponto interrompo a narrativa...
A mim também chegou-me o mal do mundo,
Desci das posições que conquistara
As planícies da Vida. E vim sozinho.
- Onde os meus amigos que me acompanhavam?
Onde o valor dos chefes militares?
Cuja é a promessa dos vasalos? Onde?
Onde os chefes civis que me seguiam?
E o poder dos Monarcas, e as alianças
De outras nações? Onde o poder do Ouro
De banqueiros que chegam a ignorar-me?
Tudo, tudo falhou, que tudo falha
Quando na vida um passo em falso damos.
Mas, se tudo falhou, nesse momento
Não me falhou o cão cujo caráter
Pôs Deus acima do Poder humano
Para vergonha e exemplo desses homens
Que estão abaixo de seus pés... O Brutus
Como que tudo compreendendo, como
Com a alma divina penetrando
Meus próprios pensamentos, acudia
Ao mais incerto gesto ao mais incerto
Manifestar de uma vontade minha:
E era como se fosse a minha sombra
Mas, não sombra sem vida, sombra inerte
(Mancha que a luz projeta e a luza apaga)
Sombra viva da dor e da alegria.
A sombra da alma é que ele projetava,
Qual desvelado e vigilante amigo.
Esse, sim não Faltou. O amigo existe.
E a palavra amizade que fugira
Do coração dos homens, tem seu trono
No coração dos cães.
JÚLIO PRESTES
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POEMA A PRECE - EXÍLIO EM PORTUGAL - SAUDADES
PRECE
Dr. Júlio Prestes de Albuquerque
(Amigo da família Pereira de Moraes)
Na Igreja
Da Graça
Em Beja,
Existe
Uma Nossa Senhora da Saudade
A sua alegria é uma alegria triste
Mas agora a tristeza é uma fonte de bondade
Uma lágrima vence o seu sorriso
E há no se esplendor da sua mocidade
O clarão de um crepúsculo indeciso
A iluminar uma saudade.
É esta a Santa dos Expatriados
Que floresce e viceja
Nos corações dos exilados
Que rezam nessa Igreja
Nossa Senhora da Saudade,
Padroeira de Portugal
Senhora dos que sofrem, dos que penam
Longe dos seus e do país natal.
Portugal 1932
26 de maio de 2009 às 7:18 pm |
O acontecimento mais importante da minha vida , foi quando descobri a possibilidade de Julio Prestes ser meu tataravô, só falta confirmar através das certidões de nascimento, pois minha bisavô chamava-se Alexandrina Camargo Prestes, e o que mais me surpreende é que procurava saber de onde vinha meu dom para escrever poesias e o amor pela política. Será ??? estou levantando todos os dados, mais algo me diz que sou a tataraneta que ficou escondida, e que agora a vida prepara essa grande surpresa.Cy Moreira
21 de março de 2010 às 12:43 am |
presidente JULIO PRESTES será que tudo teria sido diferente? jurou nos Eua que o Brasil jamais seria uma ditadura ah! como eu gostaria que você estivesse certo.
7 de fevereiro de 2011 às 10:50 pm |
Adorei as fotos e os poemas, especialmente o Brutus. Sr. Júlio Prestes era uma pessoal muito sensivel e, como eu, amava seu cão. O mesmo sinto pelas minhas três amigas fiéis e inseparáveis que infelizmente já se foram.
Loide
9 de fevereiro de 2011 às 10:57 am |
leia o livro sobre paranapiacaba, que em breve em completo de postar no site.
12 de maio de 2011 às 7:09 pm |
Conheci alguns poemas de Júlio Prestes, recitados por minha mãe, de saudosa
memória: Maria Cristina Prestes de Albuquerque.
Nascida em Itapetininga em 15 de Maio de l924 e falecida há alguns anos no Rio de Janeiro.
Ela sempre cultivou a memória de Julio Prestes, e certa vez citou o Embaixador da Inglaterra que teria acompanhado a família até o navio que os levaria ao exílio.
Sempre se referia ao “tenente coronel”, personagem misteriosa do seu imaginário da infância. Personagem criada pela sua imaginação de infância perturbada?
Acho que jamais saberei.
18 de março de 2014 às 5:05 pm |
Ótimo resumo da história da vida de júlio prestes !